Pontos discutíveis do movimento neopentecostal
O movimento neopentecostal cresce muito atualmente, mais este crescimento não nos impede de questioná-lo, afinal, não somos vitimas do pragmatismo (NOTA 1) carismático que pensa que, se algo deu certo, só pode ser bom e verdadeiro.
A nossa base de julgamento é a Palavra, nossa regra de fé e prática.
Sem a pretensão de fazer uma abordagem técnica sobre este assunto, discorremos sobre alguns pontos discutíveis do movimento neopentecostal obedecendo três perspectivas. A eclesiológica, a teológica e a prática.
Contudo, vale lembrarmos que neste estudo estaremos abordando o tema neopentecostalismo (NOTA 2) e não sobre o movimento pentecostal (NOTA 3) .
E com estudo, não pretendemos atacá-los, mas apenas refletir sobre alguns temas que consideramos discutíveis, até porque temos muitos amigos pertencentes a este movimento.
1. Pontos discutíveis da ECLESIOLOGIA neopentecostal
O pensamento neopentecostal no tocante à eclesiologia (NOTA 4) possui vários pontos questionáveis, porém, nossa abordagem não será exaustiva, explorando apenas três temas relativos: O culto, a evangelização e o ofício ministerial.
1.a. O CULTO neopentecostal:
Temos entendido que o propósito exclusivo de um culto é a adoração a Deus e a edificação da alma adoradora.
Contudo, não se pode dizer que a igreja neopentecostal tem seguido este propósito, isto porque a ênfase destes cultos, geralmente, não é a glória de Deus.
Na "igreja neopentecostal" o conceito de culto é ambíguo, pois, ao invés de cultuar, faz-se "campanhas" de cura, revelação, prosperidade, etc.
E desta forma, se Deus comparecer nestes "cultos", terá que ser para servir à agenda semanal destas igrejas e não para ser adorado.
A liturgia deles é cheia de "glória a Deus", mas é tão desvirtuada de um padrão bíblico que a ênfase recai sobre fenômenos (pouco comprovados) como curas, milagres e testemunhos muito enfadonhos que resultam mais em projeção pessoal do que em exaltação ao Senhor.
E as pregações, quando não são pura aberração, são cheias de “confissões positivas” do tipo: "Você vai prosperar, use sua fé e prospere, hoje Jesus vai te curar, Deus vai mudar sua vida..."
Não existe, portanto, na maioria destas igrejas, uma exposição das Escrituras sequer razoável, capaz de tirar o leigo da ignorância teológica total.
Por este fato, quase sempre a palavra do líder passa a ter um valor relativo ao da Palavra de Deus e, o que ele determina, passa a ser seguido como regra de fé e prática.
E esta valorização da "tradição oral" não difere muito da atitude de uma igreja que se chama primitiva, cujo chefe supremo é considerado infalível no que fala e somente agora, por pressão evangélica, é tolerante com a leitura bíblica.
Outro problema é o que o culto neopentecostal, que não tem espaço para a adoração, se corrompe mais ainda com a demasiada cobrança de oferta dos fiéis (quase sempre prometendo a estes soluções da parte de Deus) o que tem dado a estes "cultos" um caráter mercantilista e explorador.
Não somos contrários a se pedir ofertas, diga- se de passagem, mas não concordamos com a falta de bom senso e critério bíblico na administração destas coisas no culto a Deus.
1.b. A EVANGELIZAÇÃO neopentecostal:
A evangelização do movimento neopentecostal apresenta uma problema seriíssimo que é o proselitismo (NOTA 5), uma característica inconfundível de uma seita.
Muitos deles são do tipo que "pescam no aquário dos outros" por alimentarem a crença de que são os detentores da verdade, enquanto os demais estão enganados.
A igreja verdadeira não faz prosélitos, faz “convertidos que são discípulos”.
A busca do crescimento numérico por meio do proselitismo é no mínimo insensata, pois podemos até persuadir alguém a ser um religioso, mas só Deus pode transforma-lo em nova criatura.
Às vezes penso que as campanhas evangelísticas de nossos dias têm mais aparência proselitista do que evangelística.
Afinal, a maioria delas é realizada para crentes.
Outro problema relacionado a evangelização do movimento neopentecostal é a exagerada dependência da mídia.
O uso da mídia é, sem dúvida, muito importante para a igreja, mas a dependência da mesma significa a insubordinação ao Espírito.
Antigamente a igreja crescia sob a influência do Espírito e trabalho de evangelização pessoal, hoje a estratégia de algumas igrejas tem sido a de colocar um anúncio apelativo no rádio ou televisão, convidando as pessoas e prometendo-lhes a solução de seus problemas.
E perguntamos, qual igreja que promete cura, paz, prosperidade e solução de conflitos familiares, que não vai crescer?
Contudo, praticando isto a igreja deixa de ser igreja do IDE e passa a ser igreja do VINDE, a evangelização passa a ser estratégia de marketing e os que se "convertem" para a igreja, passam a ser clientes e não ovelhas.
Ademais, o evangelismo neopentecostal carece de um conteúdo teológico que é essencial para a elucidação de verdades elementares da fé cristã.
Suas estratégias são pregar promessas de uma realidade virtual e não pregar um evangelho genuíno, o evangelho de Jesus.
1.c. O OFÍCIO MINISTERIAL neopentecostal:
Enquanto nas igrejas históricas os candidatos ao ministério pastoral passam por uma preparação e zelosa avaliação quanto ao caráter e chamado, no movimento neopentecostal, qualquer um pode ser "pastor".
Os critérios baseiam-se em saber pregar, falar línguas estranhas, ter sido revelado, etc e, por esta razão, muitos líderes neopentecostais são tão desvirtuados das caracteres de um verdadeiro homem chamado ao ministério. Poucos são aqueles que tem alguma preparação teológica.
Segundo Paulo, as características de um homem apto para o ministério devem estar relacionadas ao seu caráter irrepreensível, com sua capacidade de ensinar, com sua boa administração do lar, com sua competência nos relacionamentos, com sua boa conduta para com o mundo, etc (1ª Tm 3).
Além do mais cada pastor neopentecostal é livre pensador, ou seja, pode pregar o que acredita, sem a supervisão de ninguém, o que favorece ao surgimento de tendências heréticas e inovações doutrinárias no meio deles.
E quando são questionados por alguma autoridade, se revoltam e abrem suas próprias igrejas dirigindo-as como bem lhes apetece.
** O autor é responsável por uma congregação da IPB em Ipatinga, MG e diretor da Revista Renascer. Atualmente bacharelando em Teologia e atua num projeto evangelístico através do rádio que fala a 30 000 pessoas aproximadamente todos os dias Wemerson Marinho.
DEUS EM CRISTO JESUS VOS ABENÇOE.