domingo, maio 22, 2011

A BÍBLIA EM PORTUGUÊS 03

A BÍBLIA

A Bíblia em português

Período das traduções parciais

a) Venturoso ou Bem-Aventurado: a despeito de esse título ter sido atribuído a d. Manuel como o principal incentivador das grandes navegações, mais bem-aventurado que esse rei português foi um de seus antecessores, d. Diniz (1279-1325), por ter sido o primeiro a traduzir para a língua portuguesa o texto bíblico, tornando assim possível a navegação dos leitores de língua portuguesa pelo imenso mar da Palavra de Deus.
Grande conhecedor do latim clássico e leitor da Vulgata, d. Diniz resolveu enriquecer a língua portuguesa: traduziu as Sagradas Escrituras para nosso idioma, tomando como base aquela tradução. Embora lhe faltasse perseverança e só conseguisse traduzir os vinte primeiros capítulos do livro de Gênesis, seu esforço colocou-o em posição historicamente anterior a alguns dos primeiros tradutores da Bíblia para outros idiomas, como John Wycliff, por exemplo, que só em 1380 traduziu as Escrituras para o inglês.
b) Fernão Lopes em seu curioso estilo de cronista do século XV, disse que d. João I (1385-1433), um dos sucessores de d. Diniz no trono português, “fez grandes letrados tirar em linguagem os Evangelhos, os Atos dos Apóstolos e as epístolas de São Paulo, para que aqueles que os ouvissem fossem mais devotos acerca da lei de Deus” (Crônica de d. João I, 2.a Parte). Os “grandes letrados” eram vários padres que também se utilizaram da Vulgata no trabalho de tradução.
Enquanto esses padres trabalhavam, d. João I, também conhecedor do latim, traduziu o livro de Salmos, que foi reunido aos livros do Novo Testamento traduzidos pelos padres. Seu sucessor, d. João II, outro grande apoiador das traduções do texto bíblico, mandou gravar em seu cetro a parte final do versículo 31 de Romanos 8: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”, atestando assim quanto os soberanos portugueses reverenciavam a Bíblia. Como nessa época a imprensa ainda não havia sido inventada, os livros eram produzidos em forma manuscrita, fazendo-se uso de folhas de pergaminho. Isso tornava a circulação extremamente reduzida. Por ser um trabalho lento e caro, era necessário que a Igreja Romana ou alguém muito rico assumisse os custos do projeto — ninguém mais indicado que os nobres e os reis.
c) Outras figuras da monarquia de Portugal também realizaram traduções parciais da Bíblia. A neta do rei d. João I e filha do infante d. Pedro, a infanta d. Filipa, traduziu do francês Os evangelhos. No século XV, surgiram publicados em Lisboa o Evangelho de Mateus e porções dos demais evangelhos, trabalho realizado pelo frei Bernardo de Alcobaça, que pertenceu à grande escola de tradutores portugueses da Real Abadia de Alcobaça. Ele baseou suas traduções na Vulgata.
d) A primeira harmonia dos evangelhos em língua portuguesa, preparada em 1495 pelo cronista Valentim Fernandes e intitulada De vita Christi, teve seus custos de publicação pagos pela rainha d. Leonora, esposa de d. João II. Cinco anos após o descobrimento do Brasil, d. Leonora mandou também imprimir o livro de Atos dos Apóstolos e as epístolas universais de Tiago, Pedro, João e Judas, traduzidos do latim vários anos antes por frei Bernardo de Brinega. Em 1566, foi publicada em Lisboa uma gramática hebraica para estudantes portugueses. Trazia em português, como texto básico, o livro de Obadias.

Fonte: Bíblia Thompson

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A BÍBLIA EM PORTUGUÊS 02

A BÍBLIA

Códices e manuscritos bíblicos
A partir do século IV, os livros cristãos passaram a ser escritos em códex, palavra derivada de caudex, tabuinha coberta de cera na qual se escrevia com um estilete metálico (stylus). Reunidos por um cordão que passava por orifícios feitos no alto dos exemplares, à esquerda, os códices tinham a forma de livro, portanto bem mais práticos para manusear que os antigos rolos. Os mais importantes códices bíblicos são: Sinaítico, produzido em cerca de 325 d.C., contém todo o AT grego, além das Epístolas de Barnabé e parte de O pastor, de Hermas. Foi encontrado pelo sábio alemão Constantino Tischendorf, em 1844, no Mosteiro de Santa Catarina, situado na encosta do Sinai. Tischendorf viu 129 páginas do manuscrito em uma cesta de papel, prestes a serem lançadas ao fogo. Percebendo seu enorme valor, levou-as para a Europa. Em 1859, voltou ao mosteiro e encontrou as páginas restantes. Doada pelo seu descobridor a Alexandre II, da Rússia, a preciosidade foi posteriormente comprada pela Inglaterra pela vultosa quantia de 100 mil libras esterlinas. Está no Museu Britânico desde 1933. Alexandrino, de meados do século IV, contém o AT grego e quase todo o NT, com  omissões de 24 capítulos de Mateus, cerca de quatro de João e oito de 2º Coríntios. Contém ainda a Primeira epístola de Clemente de Roma e parte da  segunda. Está no Museu Britânico. Outros famosos códices bíblicos são: o Vaticano, do século IV, contém o AT e o NT, com omissões, está na Biblioteca do Vaticano; o Efraemi, produzido por volta de 450 d.C., acha-se na Biblioteca Nacional de Paris; o Baza, encontrado por Teodoro Baza no Mosteiro de Santo Ireneu, na França, em 1581, é datado do século V e encontra-se atualmente na Biblioteca de Cambridge, Inglaterra; o Washington, produzido nos séculos IV e V, acha-se no Museu Freer, na capital dos Estados Unidos da América.Existem, ainda, vários códices de menor importância, expostos em museus e bibliotecas de várias partes do mundo. Somente de livros do NT, completos ou em fragmentos, conhecem-se hoje 156.

Os rolos do mar Morto
Em se tratando de manuscritos em rolos, o mais antigo e importante de todos foi encontrado casualmente em 1947 por um beduíno, em uma bem escondida gruta nas proximidades de Jericó, junto ao mar Morto. Examinado pelo professor Sukenik, da Universidade Hebraica de Jerusalém, revelou-se pertencente ao século III a.C. Contém o livro completo de Isaías e comentários de Habacuque, além de importantes informações sobre a época em que foi escondido. É mais conhecido como o Rolo do mar Morto.

Fonte: Bíblia Thompson

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A BÍBLIA EM PORTUGUÊS 01

A BÍBLIA

Origens

As primeiras traduções

a) A Septuaginta. Como conseqüência dos setenta anos de cativeiro na Babilônia e da forte influência do aramaico, a língua hebraica enfraqueceu. Todavia, fiéis à tradição de preservar os oráculos em sua língua, os judeus não permitiam que os livros sagrados fossem vertidos para outro idioma. Alguns séculos mais tarde, porém, essa atitude exclusivista e ortodoxa teria de dar lugar a um senso mais prático e liberal. Com o estabelecimento do império de Alexandre, o Grande, a partir de 331 a.C., a língua grega popularizou-se a tal ponto que se tornou imprescindível uma tradução das Sagradas Escrituras nesse idioma.
Segundo o escritor Aresteas, a tradução grega foi feita por 72 sábios judeus (daí o nome “Septuaginta”), na cidade de Alexandria, a partir de 285 a.C., a pedido de Demétrio Falário, bibliotecário do rei Ptolomeu Filadelfo. Concluída 39 anos mais tarde, a nova versão assinalou o começo de uma grande obra que, além de preparar o mundo para o advento de Cristo, tornaria conhecida de todos os povos a Palavra de Deus. Na igreja primitiva, era a tradução conhecida de todos os crentes.
b) A Hexapla. Nem todos os livros do AT, infelizmente, foram bem traduzidos na Septuaginta, razão pela qual Orígenes, por volta de 228 d.C., compôs a Hexapla, ou “versão de seis colunas”, contendo a Septuaginta e as três traduções gregas do AT efetuadas por Áquila do Ponto, Teodoro de Éfeso e Símaco de Samaria, feitas respectivamente em 130, 160 e 218 d.C. Além dessas, constavam nas duas últimas colunas o texto hebraico e o mesmo texto em grego. Essa grandiosa obra, constituída de cinqüenta volumes, perdeu-se provavelmente quando os sarracenos saquearam Cesaréia, em 653 d.C.
c) A Vulgata. Em 382 d.C., o bispo Dâmaso encarregou Jerônimo de traduzir da
Septuaginta para o latim o livro de Salmos e o NT, trabalho concluído em três anos e meio. Mais tarde, outro bispo assumiu a direção da igreja em Roma e percebeu, com inveja, a grande cultura e a influência de Jerônimo. Este, perseguido e humilhado, dirigiu-se para Belém, na Terra Santa, e ali estudou e trabalhou 34 anos na tradução de toda a Bíblia para a língua latina. Jerônimo escreveu ainda 24 comentários bíblicos, um conjunto de biografias de eremitas, duas histórias da igreja primitiva e diversos tratados.
Mais tarde, a Bíblia de Jerônimo ficou conhecida por Vulgata [Vulgar], sendo hoje utilizada pela Igreja Romana como a autêntica versão das Escrituras em latim, apesar de muitos estudiosos a considerarem pobre e até apontarem falhas graves.

Fonte: Bíblia Thompson

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